segunda-feira, 3 de novembro de 2014

UMA PAUSA

Estamos expostos a uma quase infinita quantidade de informação. Ela vem das propagandas, das conversas em que recebemos opiniões, dos noticiários, dos próprios lugares onde permanecemos. Tudo e todos à nossa volta nos diz algo. Fora isso, temos as nossas lembranças, nossas preocupações, nossas idéias, nossos problemas cotidianos. Tudo isso também nos diz algo. 

De maneira geral, estamos recebendo o tempo todo uma imensa gama de informações objetivas e subjetivas que nos dizem como pensar, o que querer, quem somos ou não somos. Ouvimos tudo isso e vamos para muitos lados, puxados por várias cordas como num cabo-de-guerra de inúmeros times. E não há tempo ou espaço para ouvirmos a nós mesmos. 


O que queremos? Do que gostamos ou não gostamos? Como percebemos as coisas sem esse guia externo a nos apontar direções o tempo todo? Do que precisamos? O que sonhamos? Como nos sentimos realmente?

É preciso dar uma pausa de quando em quando. É preciso deixar cessar esse fluxo de informações, sair do centro do cabo-de-guerra e encontrar um lugar seguro para mantermos contato com nosso próprio interior. É muito perigoso perder esse contato. Isso é esquecer quem somos, qual nosso caminho, é esquecer de nós mesmos e nos tornar marionetes de tudo o que vem de fora. E precisamos nos lembrar de nossa própria naturalidade essencial em meio ao turbilhão de vozes com informações e apontamentos, pois a única voz que nos leva àquilo que verdadeiramente nos realiza é a voz do nosso coração. Ninguém mais conhece nosso eu tão profundamente a ponto de definir o que é melhor para nós, quem somos ou o que devemos fazer. 

Uma pausa pode operar milagres. E, se for uma pausa a cada ano, depois uma a cada semestre, depois uma a cada estação, a cada mês, a cada semana, uma por dia, milagres podem acontecer sucessivamente por tempo indeterminado.

Uma pausa pode durar uma semana, um dia, uma hora, um minuto. Não importa muito quanto tempo, qualquer tempo disponível vale a pena se nesse tempo for possível ouvir a voz, ou sentir a voz, ou ao menos lembrar da voz. Desentupir nossa mente e voltar ao ponto de origem em que tudo o que havia era essa voz – um segundo disso basta. É o suficiente para que possamos reconhecer se estamos mesmo em nosso próprio caminho, se isso que estamos manifestando é o que somos mesmo, se tudo o que tem girado em nossa mente condiz com o que pensamos, se o que estamos cultivando é mesmo aquilo que queremos colher. E, tão importante quanto tudo isso, uma pausa nos traz de volta ao nosso centro, aquele lugar distante do mundo exterior que, apesar de ser distante, transita por ele. E o distanciamento nos dá a oportunidade de continuar a receber essa grande quantidade de informação peneirando com discernimento, observando sem sermos arrastados, mantendo a paz interior e a consciência de que todo esse tumulto acontece lá fora. Aqui dentro, estamos em paz. Aqui dentro, nada disso nos pertence e não pertencemos a nada disso. Apenas continuamos seguindo o caminho... O caminho do coração.
Abençoados sejam!

Um comentário: