segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

SOBRE SEMEADURAS E COLHEITAS

Estamos na maior crise de falta de água que este país já enfrentou. Alguns reservatórios de abastecimento chegam a menos de 6% da capacidade de armazenamento. Em São Paulo, a crise foi amenizada pela reutilização do esgoto tratado, acrescido de uma quantidade maior de cloro. As pessoas sentem uma diferença significativa no gosto da água, mas é a água disponível – e está disponível para um consumo menor através de redutores de pressão. Assisti a uma entrevista com um representante da SABESP (empresa responsável pela água e esgoto no Estado de São Paulo) em que, ao ser indagado sobre os rumos da água, ele diz o óbvio: que a normalização dos níveis dos reservatórios depende de obras e não apenas de chuvas, que estas obras levarão pelo menos 6 anos para serem concluídas, que não podemos esperar que o abastecimento volte ao normal, sem os redutores de pressão, NUNCA MAIS. Que os especialistas estão torcendo para que as chuvas de verão encham os reservatórios pelo menos até os 10% para que seja possível haver distribuição de água até o inverno mas que, na época da estiagem, viveremos novamente a falta de água.

(E ainda assim voltamos a lavar as calçadas com a mangueira como se nada tivesse acontecido, como se nada estivesse para acontecer...)

Poucos compreendem a relação entre nosso estilo de vida e a falta de água, a maioria das pessoas acredita que basta chover e que, se estamos sem água, é porque passamos por uma forte estiagem em 2014. Mas o fato é que estamos sem água porque desmatamos inúmeras áreas cheias de nascentes que secaram em função do desmatamento. Para plantar gigantescas áreas de monocultura, para criar gado, para extrair madeira. Passamos tratores pela terra eliminando as curvas de nível, retiramos a vegetação nativa, destruímos cursos naturais de água. E tudo isso para oferecer a possibilidade de um consumo exagerado, que alimenta um mercado frenético, uma forma de economia insustentável que não leva em consideração fatores como esse: a necessidade de florestas, de água, de preservação dos recursos naturais sem os quais morremos. 

2015 é o “ano da colheita” em que recebemos o equivalente àquilo que semeamos até agora. Falando em semeaduras e colheitas, a crise de água é uma das colheitas da nossa semeadura. Semeamos inconsequência, inconsciência, e estamos colhendo sede. Uma colheita que todos nós fazemos, juntos, enquanto espécie. Momento de colher para, quem sabe em 2016, ano da mudança, se estivermos ainda vivos e fortes, reavaliarmos nossa semeadura e mudarmos nossas prioridades já que, para agora, para 2015, não dá mais tempo. Agora é colher o que plantamos, sem reclamar.


Abençoados sejam!
Corvo Negro

2 comentários:

  1. Nao quero defender desmatamento, muito pelo contrário. Mas se querem saber o real motivo da falta de água, procurem saber o que os avioes-tanque da aeronáutica estao pulverizando na atmosfera desde dezembro de 2013. Basta observar os limites de onde chove e de onde nao chove e cruzar com as cartas aéreas e ver por onde os avioes da aeronáutica podem voar livremente, ao contrário do que ocorre em SP-capital. Falta de umidade na atmosfera nao ´´e, afinal, cai água pra caramba de sao paul pra baixa e horrores d´água no leste da amazonia, ou será que esqueceram do que ocorreu no rio madeira? quem vive nas cidades, a grande maioria das pessoas, nao consegue perceber isto, mas basta pegar os mapas das chuvas e as cartas aéreas. E arrumem alguém para fiscalizar quantas vezes esses avioes tanque tem levantado voo, nao é raro eles passarem várias vezes no mesmo dia. E observem, arma um temporal danado (obviamente com umidade) e de repente dissipa e some....

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    1. Sim Alberto! As Chemitrails determinam onde vai chover ou não, quanto vai chover em cada lugar. Mas, com ou sem as chuvas em seu curso natural, estaria faltando água. As chuvas normais não seriam capazes de repor a água de todas as fontes que secamos, não substituiriam as centenas de milhares de nascentes mortas pelo desmatamento. É claro que as trilhas químicas fazem piorar e muito a situação, sim. São mais uma interferência humana irresponsável e geradora de caos. Mas pelo que tenho visto, a ausência delas minoraria um problema que existe com ou sem elas. Mas acho que realmente as pessoas deveriam estar mais consciente do que acontece ao redor, e este é um tema quase desconhecido. Valeu demais pelo acréscimo aqui!

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