domingo, 26 de outubro de 2014

CICLO DA EXPERIÊNCIA


“o pequeno passarinho
abre as asas em seu ninho
mas só aprende a voar
ao cair e levantar
– e não para de tentar”

Inspiração, orientação, experimentação e avaliação é o cronograma básico do ciclo das experiências na vida humana. Primeiro, vem a vontade que inspira a ação; em seguida, as idéias que orientam a ação; depois experimentamos a ação de fato, e então avaliamos a ação observando suas etapas e seus resultados. Podemos nos comparar, nesta trajetória, a um passarinho que está sempre saindo do ovo: Esticamos as asas, percebemos que elas estão ali, sentimos o impulso de nossos próprios instintos, observamos o vôo dos pássaros adultos e nos sentimos inspirados a criar penas, fortalecer os músculos e tentar alçar vôo nós mesmos. Então, a mente criativa traz idéias para orientar a ação, inventa um caminho para chegar ao céu. Experimentamos este caminho, agimos. E, depois, é hora de avaliar o que fizemos. Este é um momento crucial. Não podemos nos prender apenas a uma das etapas deste processo – o fim, o resultado. A avaliação deve levar em consideração todo o processo, desde o momento inicial – deve levar em conta todas as ferramentas que possuíamos desde o começo, assim como a capacidade que tínhamos para manuseá-las naquele momento.


A inspiração, se existiu, veio de onde? Da sabedoria do seu coração ou de algum lugar fora de você? De sugestões, idéias, pensamentos, sentimentos, ou do sopro do seu espírito sábio?

A orientação que você seguiu realmente era condizente com o objetivo da inspiração? Houve espaço para você libertar o poder criativo da sua mente ou você seguiu uma receita já conhecida que o pensamento estava repetindo ao invés de ousar ser original (ser você mesmo)?

Na experimentação, você seguiu sua orientação à risca ou se entregou ao medo de ousar, pegando atalhos já experimentados por outras pessoas, ou mais semelhantes àquilo que parece seguro, ou desistindo no meio do caminho?

Depois de responder a estas perguntas, agora sim, posso olhar para o resultado que obtive e me perguntar: Estou satisfeito com o que fiz? Era este o lugar onde queria chegar? Consegui um resultado positivo para mim mesmo e para o ambiente ao meu redor com o meio de ação que escolhi? Era isto mesmo o que eu queria desde o início? Era isto o que meu coração me pedia?

Se fizermos estes questionamentos sobre os resultados sem levarmos em consideração todas as outras etapas e a resposta para eles for negativa, provavelmente passaremos muito tempo dentro do ovo da frustração, da culpa e do fracasso antes de reunirmos forças para quebrar novamente a casca e tentar alcançar o céu.

A primeira coisa que devemos aprender para transformar nossa vida é a ouvir a inspiração que vem do coração, trazida pela sabedoria do nosso espírito. A segunda coisa importante é aprender a sermos justos para conosco, não sermos complacentes demais nem críticos demais. Levarmos em conta tudo o que somos, tudo o que temos, refletir amplamente observando detalhes, para não deixarmos passar em branco nossas falhas e sermos capazes de aprender com a experimentação. Assim como também não devemos ser duros demais para não criarmos cascas que nos aprisionam no sofrimento, na angústia e na estagnação.

Precisamos nos observar a cada dia como passarinhos recém saídos do ovo, pois a cada dia recomeçamos um aprendizado que não tem fim. Se estamos concentrados no presente, sabemos que o dia de ontem já acabou e que não poderá ser consertado, remoído ou carregado para sempre em nossas costas. Ele precisa ser deixado para trás dando lugar às possibilidades que se abrem hoje.

Precisamos tomar consciência do nosso direito de experimentar, independente dos resultados. Como espíritos, somos sábios, mas como humanos, somos crianças em busca de crescimento e desenvolvimento. O passarinho dentro de nós só conseguirá chegar ao céu, à sua realização pessoal, ao estado de liberdade e sabedoria, se ele não desistir de tentar. Se não criar uma nova prisão, um novo “ovo” a cada vez que cair. Para isso, é preciso que estejamos dispostos a olhar para este passarinho com compaixão e para nossas cascas com dureza. Mas, na maioria das vezes, fazemos o contrário – somos duros para com o passarinho e complacentes para com a casca.


Por quê? Porque não é fácil fazer a mente parar de repetir, ela é teimosa e, quando se depara com algo que não saiu como gostaríamos, volta a repetir todas as centenas de críticas e acusações que gravou ao longo da nossa vida. Ela está sempre disposta a voltar à tona e cortar nossa conexão com a sabedoria do coração, e isso acontecerá muitas vezes antes de conseguirmos fazer com que ela cumpra seu papel. Assim como, às vezes, na hora de definirmos nossa orientação, ela tem preguiça de criar e acaba desenterrando alguma receita velha, gravada lá atrás no passado, e por fim nos conduz a uma experiência que não nos gratifica. A mente precisa ser educada dia após dia. A conexão com nossa voz interior precisa ser fortalecida dia após dia. A avaliação profunda do nosso ciclo de experiência precisa ser feita dia após dia. Assim como, dia após dia, precisamos quebrar a casca do ontem e receber a dádiva do hoje com as asas abertas. E, dia após dia, tomarmos posse da inspiração, criarmos nossa própria orientação, ousarmos a experimentação e realizarmos uma avaliação sincera e justa, que nos proporcione aprendizado, liberdade e motivação para prosseguir ou para tentar mais uma vez.

Ontem, bati as asas e caí no chão. Que pena! Voltei para o ninho, pensei e vi que poderia ter pulado bem alto antes, para tomar impulso (Só então eu percebi que todas as aves fazem isso, poxa! Que distração!). Fui me deitar, dormir, recuperar minhas forças, esquecer a decepção, superar a dor e, hoje, quem sabe consigo dar o impulso necessário para alcançar o céu, ou receber uma inspiração nova que venha a se somar à lição que tive ontem sobre o salto. Hoje é dia de começar do zero. A única coisa que trago de ontem é aquilo que aprendi com meus erros, a informação nova que me auxilia. A decepção de ter caído, a dor de bater no chão, agora fazem parte do passado. Não penso nisso, deixo minha mente vazia para ouvir a inspiração e para que novas idéias me dêem a orientação de que preciso.


Cure os ferimentos do passarinho que caiu ontem e olhe com gratidão para o céu do dia de hoje.

Abençoados Sejam!

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