terça-feira, 14 de outubro de 2014

MUITO PRAZER, MEU NOME É ARROGÂNCIA!

A palavra “arrogante” é quase moda, mais falada que qualquer letra de funk. Todo mundo chama todo mundo de arrogante, todo mundo diz que isso ou aquilo é arrogância. Mas o que é realmente a tal da arrogância? Algum de nós tem isso claro em mente?

Segundo o dicionário: Atitude altaneira; altivez; orgulho; insolência. Arrogância segundo o site significados.com.br: Arrogante é um adjetivo de dois gêneros que expressa uma característica negativa de um indivíduo que carece de humildade, que se sente superior a todos. Ser arrogante significa ser altivo, prepotente, ter a convicção que é expert em vários assuntos e, por isso, não ter interesse em ouvir outras opiniões. O arrogante é classificado como orgulhoso, soberbo, presunçoso e extremamente vaidoso.

Então, por que motivo, causa, razão ou circunstância, deveríamos rotular alguém como arrogante pelo simples fato de ter uma opinião própria ou de ser veemente em suas colocações? Afinal, cada um tem suas próprias crenças e sua própria experiência construindo os alicerces de sua lógica e de seus pontos de vista. Quer coisa mais arrogante do que menosprezar o que vem do outro só por ser diferente do que está em nós? Veja bem, na definição de arrogância ali em cima está escrito “não ter interesse em ouvir outras opiniões”. E acrescente-se a isso o julgar os outros por terem opiniões. Olhando bem, nestas situações os arrogantes somos nós... Que nos esquivamos de ouvir outras opiniões justificando nossa atitude de arrogância com a frase “você é arrogante”.

E na arrogância nossa de cada dia, quando acreditando firmemente que temos a receita mágica para a felicidade do mundo, impomos nosso ponto de vista como verdade dizendo aos outros como deveriam pensar, agir, viver? De novo olhando a definição acima, vemos que “ter a convicção que é expert em vários assuntos” desprezando o direito alheio a explorar seu próprio caminho é arrogância. Mas, ainda assim, quando o outro manifesta consciência de seu poder de decisão sobre si mesmo, o arrogante é ele. E nos esquivamos mais uma vez do aprendizado, da troca, da humildade, através da frase “você é arrogante”.


Nas duas situações, nos colocamos como alguém que não precisa ouvir, não tem mais o que aprender, sabe mais e é melhor. Observando que na mesma descrição vemos que a pessoa arrogante é “um indivíduo que carece de humildade”... Quem não está sendo humilde mesmo? Porque afinal de contas, não há alguém que saiba tudo, que entenda tudo, que explique tudo, que não tenha mais nada a aprender, ou há? Mesmo aqueles “grandes gurus” da humanidade nos recomendam que não paremos nunca de aprender, pois eles mesmos continuam a aprender, e quanto mais aprendem, mais percebem que carecem de aprendizado.

Nada mais arrogante do que dizer que o outro é arrogante porque não concorda conosco, porque não aceita fazer o que faríamos no lugar dele, porque não concorda em pensar com nossa cabeça – como se fôssemos donos da verdade e todos os que não concordam conosco estivessem automaticamente errados. Será arrogância apropriar-se do direito de pensar por si mesmo, tomar suas próprias decisões, fazer suas próprias escolhas, ser aquilo que deseja ser e caminhar por onde quer? Ou seria arrogância de verdade querer impor aos outros o que vale somente para nós?

Há também aquelas situações em que o arrogante é o outro porque este é espontâneo em suas emoções, manifestando seu descontentamento diante das nossas imposições, e nos intitulamos humildes porque somos arrogantes de fala mansa, educada, enfim, somos arrogantes de máscara, e enquanto os outros são passionais nós agimos friamente, na convicção de que atormentá-los demonstra nossa superioridade. Mais uma vez citando a descrição acima, o arrogante “se sente superior a todos”, não importando o quanto esteja agindo de forma cínica ou dissimulada. Ser capaz de ser arrogante com frieza e dissimulação não é ser menos arrogante, é?


Bom, mas o importante realmente nisso tudo é que o arrogante não aprende nada enquanto não aprender o que é realmente a arrogância e não aprender a enxergar que ela mora dentro dele. Pois, até lá, terá toda a onipotência, onipresença e onisciência morando em sua vaidade, em sua imaginação, e defendendo-se da abertura a qualquer coisa que não seja pensada por ele mesmo. Sim, defendendo-se! Porque, no fundo, tudo o que o arrogante precisa é acreditar no que diz, acreditar na grandiosidade que ele atribui a si mesmo pois, a despeito de sua grande vaidade, ele não sabe quem ele é, e quem não se conhece não se valoriza.

E, mais importante ainda, é que saibamos que existe um arrogante dentro de cada um, e que isto, definitivamente, nos tira o direito de repetir o refrão automático “você é arrogante”, pois o outro ser arrogante não é justificativa para nosso comportamento de arrogância.


Abençoados sejam!

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