A palavra “arrogante” é
quase moda, mais falada que qualquer letra de funk. Todo mundo chama todo mundo
de arrogante, todo mundo diz que isso ou aquilo é arrogância. Mas o que é
realmente a tal da arrogância? Algum de nós tem isso claro em mente?
Segundo o dicionário: Atitude altaneira; altivez; orgulho;
insolência. Arrogância segundo o site significados.com.br: Arrogante é um adjetivo de dois gêneros
que expressa uma característica negativa de um indivíduo que carece
de humildade, que se sente superior a todos. Ser arrogante significa ser altivo,
prepotente, ter a convicção que é expert em vários assuntos e, por isso, não
ter interesse em ouvir outras opiniões. O arrogante é classificado como orgulhoso,
soberbo, presunçoso e extremamente vaidoso.
Então, por que motivo,
causa, razão ou circunstância, deveríamos rotular alguém como arrogante pelo
simples fato de ter uma opinião própria ou de ser veemente em suas colocações?
Afinal, cada um tem suas próprias crenças e sua própria experiência construindo
os alicerces de sua lógica e de seus pontos de vista. Quer coisa mais arrogante
do que menosprezar o que vem do outro só por ser diferente do que está em nós? Veja
bem, na definição de arrogância ali em cima está escrito “não ter interesse em ouvir outras opiniões”. E acrescente-se a isso
o julgar os outros por terem opiniões. Olhando bem, nestas situações os
arrogantes somos nós... Que nos esquivamos de ouvir outras opiniões
justificando nossa atitude de arrogância com a frase “você é arrogante”.
E na arrogância nossa de
cada dia, quando acreditando firmemente que temos a receita mágica para a
felicidade do mundo, impomos nosso ponto de vista como verdade dizendo aos
outros como deveriam pensar, agir, viver? De novo olhando a definição acima, vemos
que “ter a convicção que é expert em
vários assuntos” desprezando o direito alheio a explorar seu próprio
caminho é arrogância. Mas, ainda assim, quando o outro manifesta consciência de
seu poder de decisão sobre si mesmo, o arrogante é ele. E nos esquivamos mais
uma vez do aprendizado, da troca, da humildade, através da frase “você é
arrogante”.
Nas duas situações, nos
colocamos como alguém que não precisa ouvir, não tem mais o que aprender, sabe
mais e é melhor. Observando que na mesma descrição vemos que a pessoa arrogante
é “um indivíduo que carece de humildade”...
Quem não está sendo humilde mesmo? Porque afinal de contas, não há alguém que
saiba tudo, que entenda tudo, que explique tudo, que não tenha mais nada a
aprender, ou há? Mesmo aqueles “grandes gurus” da humanidade nos recomendam que
não paremos nunca de aprender, pois eles mesmos continuam a aprender, e quanto
mais aprendem, mais percebem que carecem de aprendizado.
Nada mais arrogante do que
dizer que o outro é arrogante porque não concorda conosco, porque não aceita
fazer o que faríamos no lugar dele, porque não concorda em pensar com nossa
cabeça – como se fôssemos donos da verdade e todos os que não concordam conosco
estivessem automaticamente errados. Será arrogância apropriar-se do direito de
pensar por si mesmo, tomar suas próprias decisões, fazer suas próprias escolhas,
ser aquilo que deseja ser e caminhar por onde quer? Ou seria arrogância de
verdade querer impor aos outros o que vale somente para nós?
Há também aquelas
situações em que o arrogante é o outro porque este é espontâneo em suas
emoções, manifestando seu descontentamento diante das nossas imposições, e nos intitulamos
humildes porque somos arrogantes de fala mansa, educada, enfim, somos
arrogantes de máscara, e enquanto os outros são passionais nós agimos
friamente, na convicção de que atormentá-los demonstra nossa superioridade.
Mais uma vez citando a descrição acima, o arrogante “se sente superior a todos”, não importando o quanto esteja agindo
de forma cínica ou dissimulada. Ser capaz de ser arrogante com frieza e
dissimulação não é ser menos arrogante, é?
Bom, mas o importante
realmente nisso tudo é que o arrogante não aprende nada enquanto não aprender o
que é realmente a arrogância e não aprender a enxergar que ela mora dentro
dele. Pois, até lá, terá toda a onipotência, onipresença e onisciência morando
em sua vaidade, em sua imaginação, e defendendo-se da abertura a qualquer coisa
que não seja pensada por ele mesmo. Sim, defendendo-se! Porque, no fundo, tudo
o que o arrogante precisa é acreditar no que diz, acreditar na grandiosidade que
ele atribui a si mesmo pois, a despeito de sua grande vaidade, ele não sabe
quem ele é, e quem não se conhece não se valoriza.
E, mais importante ainda,
é que saibamos que existe um arrogante dentro de cada um, e que isto,
definitivamente, nos tira o direito de repetir o refrão automático “você é
arrogante”, pois o outro ser arrogante não é justificativa para nosso comportamento
de arrogância.
Abençoados sejam!
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